MAJOR SALES BRASIL
A luta pelo reconhecimento tem sido uma das matrizes de nossa instabilidade artística e uma das matrizes da nossa incapacidade de tolerar a critica. Na verdade, essa alienação encoberta pela busca de reconhecimento impede sem dúvida, a convivência com o espirito crítico, uma vez que este parece remeter a um não reconhecimento operando sobre uma rivalidade narcísica.
O mais estranho é constatarmos que muitos daqueles que temem e se opõem a crítica, o fazem e a usam nas elaborações de suas ideias para criticar tal ou qual sistema politico e até defendem com certo gozo a rivalidade nas disputas politicas. Percebem?
O medo de não ser reconhecido já denuncia um não reconhecimento de fundo, de base, intrasubjetivo, intrapsíquico. Denuncia uma espécie de fragilidade no ser que parece ganhar corpo e se ampliar quando de fato alguns comentários obrigam o sujeito a conviver com certa imperfeição e falhas.
Sim, porque a busca do reconhecimento implica dizer que a imagem que se busca manter, na verdade, é de uma imagem acima do humano, sobre humano. Esse tipo de atitude já deu margem, contraditoriamente, ao surgimento de tiranias de toda espécie. A fabricação do marketing moderno, por exemplo, próprio do regime capitalista, tem como meta exatamente a fabricação e manutenção de uma imagem como a que estamos falando, o que os opositores do capitalismo não reconhecem.
Podendo pensar de outra forma, podemos dizer que a luta renhida pelo reconhecimento não passa de um desejo um tanto vulgar, em alguns casos, de ser apreciado, o que traduzindo, podemos dizer que se trata de um desejo de ser cultuado, destacado.
Ora, o desejo de se destacar implica dizer ou falar de um desejo de oferecer ideias melhores que os outros, o que é uma forma de competição. Aliás, a competição no campo das ideias sempre foi uma marca constante ao longo da história humana, isso em todas as épocas, e nos vários segmentos da ordem humana, como por exemplo, na ciência, nas artes, etc.
Em contrapartida a censura a esse tipo de atividade é que levou a tiranias e holocaustos e ditaduras. Uma luta que culmina na não aceitação do rival, logo, antidemocrática.
Ora, o desejo alienante e alienado do reconhecimento pelo reconhecimento implica, portanto em manter afastado da própria imagem qualquer fissura que possa abalar a ideia e a busca da perfeição. E mais: a crítica ao longo da história tem como principio fundamental a não "queda" no dogmatismo, ou seja, ajuda a não cairmos no dogmatismo. No âmbito do saber, por outro lado, podemos dizer que não há autoridade acima de toda critica.
Uma das premissas do avanço mental (e mesmo material) foi o pensamento lógico, e este se ancora na validade crítica, naquilo que alguns autores chamam de "racionalismo crítico". A ciência sempre foi uma atividade critica da mesma forma que as formas artísticas. Pensarmos que o reconhecimento não pode ser uma camisa de força já seria um grande avança em nosso meio.
laurencebittencourt
A luta pelo reconhecimento tem sido uma das matrizes de nossa instabilidade artística e uma das matrizes da nossa incapacidade de tolerar a critica. Na verdade, essa alienação encoberta pela busca de reconhecimento impede sem dúvida, a convivência com o espirito crítico, uma vez que este parece remeter a um não reconhecimento operando sobre uma rivalidade narcísica.
O mais estranho é constatarmos que muitos daqueles que temem e se opõem a crítica, o fazem e a usam nas elaborações de suas ideias para criticar tal ou qual sistema politico e até defendem com certo gozo a rivalidade nas disputas politicas. Percebem?
O medo de não ser reconhecido já denuncia um não reconhecimento de fundo, de base, intrasubjetivo, intrapsíquico. Denuncia uma espécie de fragilidade no ser que parece ganhar corpo e se ampliar quando de fato alguns comentários obrigam o sujeito a conviver com certa imperfeição e falhas.
Sim, porque a busca do reconhecimento implica dizer que a imagem que se busca manter, na verdade, é de uma imagem acima do humano, sobre humano. Esse tipo de atitude já deu margem, contraditoriamente, ao surgimento de tiranias de toda espécie. A fabricação do marketing moderno, por exemplo, próprio do regime capitalista, tem como meta exatamente a fabricação e manutenção de uma imagem como a que estamos falando, o que os opositores do capitalismo não reconhecem.
Podendo pensar de outra forma, podemos dizer que a luta renhida pelo reconhecimento não passa de um desejo um tanto vulgar, em alguns casos, de ser apreciado, o que traduzindo, podemos dizer que se trata de um desejo de ser cultuado, destacado.
Ora, o desejo de se destacar implica dizer ou falar de um desejo de oferecer ideias melhores que os outros, o que é uma forma de competição. Aliás, a competição no campo das ideias sempre foi uma marca constante ao longo da história humana, isso em todas as épocas, e nos vários segmentos da ordem humana, como por exemplo, na ciência, nas artes, etc.
Em contrapartida a censura a esse tipo de atividade é que levou a tiranias e holocaustos e ditaduras. Uma luta que culmina na não aceitação do rival, logo, antidemocrática.
Ora, o desejo alienante e alienado do reconhecimento pelo reconhecimento implica, portanto em manter afastado da própria imagem qualquer fissura que possa abalar a ideia e a busca da perfeição. E mais: a crítica ao longo da história tem como principio fundamental a não "queda" no dogmatismo, ou seja, ajuda a não cairmos no dogmatismo. No âmbito do saber, por outro lado, podemos dizer que não há autoridade acima de toda critica.
Uma das premissas do avanço mental (e mesmo material) foi o pensamento lógico, e este se ancora na validade crítica, naquilo que alguns autores chamam de "racionalismo crítico". A ciência sempre foi uma atividade critica da mesma forma que as formas artísticas. Pensarmos que o reconhecimento não pode ser uma camisa de força já seria um grande avança em nosso meio.
laurencebittencourt
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