domingo, 24 de junho de 2012

Crimes emblemáticos tornam Janduís uma cidade sem lei e uma das mais violentas

MAJOR SALES BRASIL

Prefeito_Salomao_Gurgel_cobra_das_autoridades_segurana_para_a_cidade_de_JanduisO município de Janduís, localizado na região do Médio Oeste do Estado, é um dos alvos da criminalidade. Vários ataques aconteceram nos últimos anos, onde foram registrados assassinatos, furtos, arrastões, estupro, sequestros, dentre outras atrocidades.
O acesso ao município se dá pela BR-226 e por inúmeras estradas carroçáveis, com saídas para as cidades de Campo Grande, Messias Targino, Caraúbas e Patu. Essas artérias facilitam a entrada e saída dos marginais que atuam na região, levando pavor aos moradores.
O número de crimes em Janduís aumentou consideravelmente e assusta os moradores. De janeiro deste ano até hoje, cinco pessoas foram assassinadas, muitas delas em emboscada, nas estradas do município.
Recentemente um homem foi executado durante uma emboscada, quando seguia por uma estrada carroçável na zona rural. A morte das cinco vítimas revoltou não só aos moradores, como também o prefeito Salomão Medeiros (PT) que se diz vítima do descaso do Governo do Estado, que não dispõe de efetivo policial para a cidade.
"É revoltante o povo de Janduís passar toda essa tormenta por causa da insegurança. São crimes e mais crimes e só quem sofre com isso é a população. As autoridades governamentais já estão de ouvido cansado de me ouvirem pedir reforço policial para o município, que conta apenas com três policiais por plantão e com uma péssima estrutura de funcionamento", disse o prefeito Salomão, durante entrevista a uma emissora de rádio da região.
Diversos casos de violências foram registrados, porém dois deles, ocorridos este mês, viraram notícia em todo o Estado, pela forma ousada e covarde como os bandidos agiram. Uma professora foi torturada até a morte, dentro da sua residência, na zona rural.
Na madrugada do dia 10 deste mês, a professora Vera Lúcia Brito de Souza, 47 anos, foi espancada e morta no sítio Riacho da Serra.
Quatro elementos chegaram à residência procurando por Antônio Vianês de Brito, 42, marido de Vera, mas ele havia saído para o curral. Na ocasião, dois bandidos entraram na casa onde estavam Vera Lúcia e uma criança, e outros dois permaneceram na parte de fora aguardando a chegada de Antônio, que demorou nos seus afazeres. Devido à demora da chegada de Antônio Vianês, os bandisos estrangularam e mataram a mulher.
Dois dias depois da morte de Vera Lúcia, o motorista Edivaldo Márcio de Oliveira, 21, foi executado a tiros no sítio Divisão, a seis quilômetros do centro. A vítima se deslocava com destino ao sítio Monte quando foi surpreendida na emboscada.
"Aqui virou uma terra sem lei, onde os bandidos agem sem medo de serem presos porque sabem que não o serão. São pessoas andando armadas em pleno movimento da cidade, assustando o homem de bem. E, quando o negócio esquenta, a polícia não tem condições de sair em perseguição. Primeiro, porque não tem carro nem armamento para enfrentar os bandidos. Segundo, somente dois policiais não vão surtir efeito na vagabundagem, que está enraizada na cidade", disse o aposentado Antonio Francisco, 65 anos, residente na zona rural.
Para o aposentado, a situação fica ainda mais complicada na zona rural, onde casas já foram invadidas com os moradores dentro, carros tomados de assalto nas estradas, arrastões em comércios do centro e até mesmo sequestro, já foram ocasionados no município.
"Tudo que está acontecendo em Janduís ou já aconteceu só mostra uma coisa: a fragilidade da polícia, que não tem como enfrentar os bandidos", concluiu.
Anterior aos últimos acontecimentos, o município já foi palco de notícias na área policial, quando na madrugada do dia 17 de novembro de 2009 o médico e ex-prefeito de Antônio Martins, José Júlio Fernandes, acompanhado de duas senhoras e seu motorista, foram sequestrados nas proximidades de Janduís, por uma quadrilha de Caraúbas, presa por policiais da região.
Outro fato emblemático aconteceu em março de 2010, quando o ex-prefeito do município de Campo Grande, Antonio Veras, foi assassinado com mais 600 tiros de armas de grosso calibre. Dois seguranças que escoltavam o ex-prefeito também foram mortos.
"Sempre fomos notícias nas páginas policiais. Parece que a violência está enraizada no município, apesar de ter uma população digna e honrada", disse um estudante de Pedagogia da Uern, natural de Janduís. 
Degepol anuncia criação de delegacia na cidadeNa última quinta-feira, quando esteve em Mossoró, o delegado-geral da Polícia Civil do RN, Fábio Rogério, anunciou a criação de uma DP civil para a cidade de Janduís, em caráter de urgência, para conter o ímpeto dos bandidos na região do Médio Oeste, uma das mais preocupantes do Estado.
"Queremos implantar a DP ainda neste semestre, uma vez que já foi nomeado um delegado, com escrivão e uma equipe de investigação. Aliás, já está tudo pronto e tão logo os policiais passem por um curso de aperfeiçoamento, se apresentarão para as cidades que foram convocados no último concurso.
O delegado destaca que uma das áreas mais críticas no Oeste são as cidades de Janduís, Campo Grande e Messias Targino. "Junto com a DP de Janduís, vamos instalar uma também em Campo Grande, que somando-se a Caraúbas, que já dispõe de delegacia, vão poder trabalhar em parceria umas com as outras", diz.
"Nós vamos intensificar ainda mais o policiamento na região e combater com o maior rigor a marginalidade que atua nesses municípios. Para isso, com a chegada dos novos policiais isso vai poder ser possível", disse Fábio Rogério.
Ainda de acordo com o delegado, uma das prioridades da Degepol é combater a pistolagem no Médio Oeste, principalmente nos municípios de Janduís, Campo Grande e Caraúbas, onde os crimes têm acontecido misteriosamente.
"Vamos combater a pistolagem, que tem feito do Médio Oeste uma área de risco e com muita frequência de crime. Vamos colocar a polícia lá dentro e dar condições para as equipes trabalharem e prenderem os criminosos", concluiu Fábio Rogério.
Fábio Rogério diz que delegacias civis atendem apenas metade das comarcas existentes no Estado
No Rio Grande do Norte existem somente 65 comarcas, segundo relatos do delegado-geral Fábio Rogério, no entanto apenas 31 dessas jurisdições são contempladas com as Delegacias de Polícia Civil.
Para o delegado, o ideal seria que em cada comarca uma DP fosse implantada, para que a população pudesse ter mais tranquilidade, no entanto ele assegura que com a convocação dos novos delegados, agentes e escrivãs, esse número deverá aumentar, além do mais a capacitação dos novos policiais vai garantir melhorias para as já existentes e as que serão implantadas.
"A Polícia Civil tem enfrentado muitas dificuldades, porém somente este ano já apresentou inovações que farão toda a diferença no nosso trabalho, principalmente no interior onde as comarcas vão poder ter melhorias nas suas atividades. Cidades como Janduís, Baraúna, Umarizal, Campo Grande, dentre outras consideradas violentas, já tem ou vão ganhar uma DP para investigar os crimes", disse.
 

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