domingo, 26 de agosto de 2012

A natureza da miopia amorosa

MAJOR SALES BRASIL


É natural apresentar uma versão melhorada de nós mesmos para o parceiro
No início do relacionamento, fazemos esforços para sermos aceitos pelo parceiro. Por isso, tendemos a ressaltar e exagerar um pouco o que temos de melhor e a omitir e disfarçar aquilo que temos de pior. Assim, caprichamos na aparência, nos mostramos mais dispostos e otimistas, aumentamos as gentilezas e ficamos mais atenciosos com o parceiro. Depois de um tempo, vamos “baixando as cartas” e mostrando a nossa forma mais costumeira de ser.

Idealização
A idealização é um ingrediente natural do amor. Tendemos a ver o parceiro como muito mais especial e fascinante do que ele realmente é. Um estudo mostrou que tendemos a ver o amado como sendo muito mais dotado de qualidades do que os seus amigos o veem. Como geralmente os amigos já se veem de forma otimista e benévola, isso significa que quem está apaixonado distorce positivamente a visão do amado ainda mais do que os amigos costumam fazer.

O amor é míope e o namoro, um bom par de óculos
Embora um bom grau de idealização e a apresentação de uma imagem melhorada para o parceiro sejam fenômentos saudáveis e normais nos inícios de relacionamentos amorosos, é esperado que uma boa parte daquelas distorções perceptuais mais graves provocadas por estes dois fenômenos sejam corrigidas à medida que as pessoas vão se conhecendo durante o namoro. O namoro tem este propósito: permitir que os enamorados corrijam suas impressões mútuas iniciais e testem suas compatibilidades antes de avançar para um estágio do relacionamento que tenha um maior grau de compromisso.
No entanto, algumas pessoas, mesmo após um bom tempo de namoro, continuam com a cabeça na lua e teimam em não ver a pessoa real que está ali ao seu lado. Elas precisam muito pouco do companheiro para viver os seus amores. Elas adoram pensar que estão namorando, sair com o namorado, ter uma agenda e uma rotina com eles. Por exemplo, elas dão pouca importância para os indícios de esses namorados vão fracassar profissionalmente ou de que eles são displicentes em seus compromissos. Para elas, mais importante que tudo isso, é sentir que a aspiração de ter um relacionamento amoroso  está sendo realizada.

Quando a miopia persiste
Muitas pessoas se apaixonam à primeira vista. Dentre essas, algumas ficam atentas para conferir, logo em seguida, se o parceiro possui as qualidades desejadas ou se possui defeitos intoleráveis. Caso ele não mostre tais qualidades ou revele tais defeitos, o apaixonado se decepciona e o amor acaba (John Alan Lee, sociólogo canadense, classificou este estilo de amor como “Eros”). Outras pessoas, (“Maníacas”, na classificação deste mesmo autor), após se apaixonarem, ficam persistem na idealização das qualidades do parceiro e ficam bastante insensíveis aos seus possíveis defeitos que vão sendo revelados no transcurso do relacionamento. Elas tendem a perdoar tudo e a desculpar tudo que eles fazem. Esta forma de amar lembra o amor incondicional mostrado por mães em relação aos filhos. Por pior que eles se tornem, por mais coisas ruins que façam, esse amor ainda persiste.
Quando se trata do relacionamento amoroso, este tipo de distorção persistente não produz relacionamentos felizes e estáveis. Trata-se de um relacionamento sem bases sólidas e que se mantêm graças às distorções perceptuais daqueles que não têm condições de encarar a realidade.
Boa parte deste tipo de miopia sobre o parceiro persiste durante toda a vida. Existem estimativas que pessoas casadas há muito tempo só conhecem cerca de 50% das características de seus parceiros (acertam só metade das perguntas sobre suas reações, valores, modos de pensar, decidir, etc.).
Você ama o amor e não o seu parceiro e isto está gerando problemas? Procure a ajuda de um psicólogo.

Ailton Amélio

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